Poema é uma arte que inspira a criatividade, ao mesmo tempo em que proporciona a aquisição do conhecimento. Por outro lado, também impulsiona e motiva para a vida e propõe dar a volta por cima e superar as várias situações.
As poesia são cheias de melodia e ritmo, e acabam falando muito de sentimentos e emoções. Certamente são palavras, por vezes profundas, noutras, soltas, mas que trazem leveza, inspiram e tornam a vida mais leve.
Confira aqui uma poesia para cada mês e tire proveito para tornar seus dias, ainda, mais felizes e produtivos.
Janeiro
(Olavo Bilac)
Eu sou o mês primeiro,
O cálido janeiro!
Ouvi minha canção!
Dou festas e presentes…
E os corações contentes,
Quando apareço, os sinos
Começam cristalinos,
A erguer o alegre som.
Trago para as crianças
Afagos, esperanças,
E festas de Ano-Bom.
Mas, se a alegria espalho,
Desejo o trabalho
Vos possa reunir:
Meses, eu vos saúdo!
Eu sou o mês do estudo:
As aulas vão se abrir!
Fevereiro
(Olavo Bilac)
Fevereiro, muitas vezes,
No meio dos doze meses,
É o mês mais jovial.
É o mês da mascarada,
Da alegria desvairada,
Das festas do Carnaval.
Saem às ruas os diabos,
De longos, vermelhos rabos,
E caras de horrorizar,
E o velho, que, dando o braço
Ao dominó, e ao palhaço,
Diz, graçolas a pular.
Brincai! Por estes treze dias
De festas e de alegrias,
Os vossos livros deixai!
Para alegras vossas almas,
Batei as máscaras palmas,
– Depois…aos livros voltai!
Março
Canção de Outono
(Cecília Meireles)
Perdoa-me folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
É que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando àqueles
que não se levantarão…
Tu és a folha de outono
voando pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
_ a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão…
Abril
As cores de abril
(Vinícius de Moraes)
As cores de abril
Os ares de anil
O mundo se abriu em flor
E pássaros mil
Nas flores de abril
Voando e fazendo amor
O canto gentil
De quem bem te viu
Num pranto desolador
Não chora, me ouviu
Que as cores de abril
Não querem saber de dor
Olha quanta beleza
Tudo é pura visão
E a natureza transforma a vida em canção
Sou eu, o poeta, quem diz
Vai e canta, meu irmão
Ser feliz é viver morto de paixão.
Maio
Soneto de maio
(Vinícius de Moraes)
Suavemente maio se insinua
Por entre os véus de Abril, o mês cruel
E lava o ar de anil, alegra a rua
Alumbra os astros e aproxima o céu.
Até a lua, a casta e branca lua,
Esquecido o pudor, baixa o dossel
E em seu leito de plumas fica nua
A destilar seu luminoso mel.
Raia a aurora tão tímida e tão frágil
Que através do seu corpo transparente
Dir-se-ia poder ver o rosto
Carregado de inveja e de presságio
Dos irmãos Junho e Julho, friamente
Preparando as catástrofes de Agosto…
Junho
Soneto ao inverno
(Vinícius de Moraes)
Inverno, doce inverno das manhãs
Translúcidas, tardias e distantes
Propício ao sentimento das irmãs
E ao mistério da carne das amantes:
Quem és, que transfigura as maçãs
Em iluminações dessemelhantes
E enlouquece as rosas temporãs
Rosa-dos-ventos, rosa dos intantes?
Porque ruflaste as tremulantes asas
Alma do céu? O amor das coisas várias
Fez-te migrar – inverno sobre casas!
Anjo tutelar das luminárias
Preservador de santas e estrelas…
Que importa a noite lúgubre escondê-las?
Julho
Nasceu Julho
(Paula Belmino)
Nasceu julho
Esperanças
Águas de chuva
Lavando a alma
e trazendo bonança.
Dias de vitória
Dias de honra
Estação mudou
E a vida teima em girar.
Nasceu julho
Nasce aqui novo amar.
Renovam-se as promessas
Pelos sonhos que se sonhou
Há contentamento
Há realização
Doce é ver chegar o que se tanto esperou.
Nasce julho
E com ele bons tempos sobre nós virão
Renasce a esperança
Vivifica-se a cada manhã
Sonhos que sonhados sozinhos
No coração de Deus se formarão
Em breve a água lava
A chuva serôdia cai fazendo brotar a semente
Nasceu julho
E os dias de sol brilharão novamente!
Agosto
Bem-vindo!
(Luciano Spagnol)
Bem vindo Agosto
que seja lindo
do desgosto o oposto
no amor luzindo
a gosto, com gosto
nas realizações infindo
ao meu, ao teu
avindo
num apogeu
Agosto…Seja bem vindo!
Setembro
E vem Setembro
(Fabio George Oliveira)
E vem Setembro,
Mês do qual aflora, do calo, sua volta triunfal
Da natureza, suas flores num colorido magistral
E a alegria de viver, desde sempre, natural
E vem Setembro
Mês do qual renasce a primaveril exultação
De dias que seguem rumo ao candente, contudo, feliz verão
Que faz resplandecer o amor que habita em todo o coração
E vem Setembro
Mês do qual o Sol, seu equinócio, vem a atravessar
De seus virginianos e librianos, suas idades celebrar
E a independência da nossa pátria, a cada ano, sempre rememorar
E vem Setembro,
Mês do qual o glacial inverno tende a findar
Dando lugar a florente primavera que vem aformosear
O coração de todos nós com seu calor peculiar.
Outubro
Soneto pra Outubro
(Luciano Spagnol)
Outubro, o mês da vida renovada
da casta, pura e bela primavera
tempo que fala poesia, nova era
com a vitalidade toda iluminada
É o mês dos corações na esfera
da nova celebração, nova estrada
do vento aflando cálida madrugada
de mãos dadas com nova quimera
Outubro das flores, natureza florada
em que o dia e alouvação se esmera
festejando a vida com hora marcada
E na dança da superfície da biosfera
o cerrado enroupa de frugal camada
de cor, odor, enodoando a atmosfera.
Novembro
Consoantes de Novembro
(Karla Bardanza)
Aproximo-me com certa distância
do mês de Novembro,
querendo coisas esquecidas
no fundo dos bolsos,
buscando a mim e em mim apenas salvação
e promessa.
Este corpo que está um ano
mais velho não está cansado
de viver ainda.
Está mais incompreendido,
mais trancado,
mais arisco.
Há vida após a vida.
Morri com minha filha em meus braços,
e nos braços de minha mãe.
Morri no colo de minha irmã
e com a minha sobrinha em meu colo.
Eu sou quase eu mesma
com um pouco mais de sal.
Novembro assusta-me.
Aguardo os dias
com as mãos sobre o peito:
não quero que ninguém ouça
o barulho do meu coração
quando eu sou do tamanho de uma lágrima.
Sento nas consoantes de Novembro
caçando dias
com claros enigmas
e mansidão
porque a vida precisa
de ilusão também,
porque
sou uma pastora de nuvens.
Dezembro
Dezembro é um mês que chega…
(Roseli de Abreu)
Dezembro é um mês que chega sorrindo,
traz na bagagem muitas expectativas,
ânimo tão esperado…
Dezembro distribui perspectivas de novos rumos
de promessas, de encontros, de aconchegos.
Perspectivas de amor!
Dezembro transborda o incansável,
as batalhas dos meses que passaram,
as lutas, os desafios, as fugas…
Oferece a lembrança dos prazeres, das realizações,
dos ridículos da vida, das ternuras,
da maciez do carinho, das gentes como a gente.
Dezembro é o senhor do ano!
Tem a capacidade de acordar o menino que dorme
durante onze meses no coração da humanidade e que,
de vez em quando, espreita pela frewsta da alma,
o tempo que passa…
E dezembro chega e incendeia os momentos de alegria,
os lábios de sorrisos, um céu de novas luzes.
Missão cumprida? Talvez.
E dezembro, sem questionar, recarrega a vida de cada
um com energias e forças para a travessia de mais um ano.
Há uma sensação de exagero em dezembro,
pressa não se sabe pra quê,
inconstante sentimento de renascer,
um delírio contido que explode na alegria que ensurdece,
vitrine que fita os olhos de quem a vê.
Há mais poesia em dezembro…
Nela cabe o beijo, o abraço demorado,
a lembrança, o perdão.
Nela cabe todo o futuro.
As pessoas ficam mais leves, as músicas contagiam,
há mais ternura que cabe em qualquer lugar…
No dezembro cabe um homem inteiro!
Não importa que surjam obstáculos nas novas caminhadas.
Não importa que venham as dores,
as incertezas, as surprezas alegres ou tristes.
Importa mesmo é que a vida acontece no inesperado e
vivê-la é o melhor presente…
Até quando um novo dezembro chegar.
Gostou? Agora faça das palavras de Um Poema para cada mês do ano uma inspiração para viver melhor!